As famílias são sistemas complexos, onde os relacionamentos e as interações muitas vezes são influenciados por fatores ocultos e inconscientes. Dois desses fatores, lealdades invisíveis e segredos familiares, podem ter um impacto profundo nas dinâmicas familiares e nas experiências individuais dos seus membros. Neste artigo, exploraremos o que são lealdades invisíveis , como podem afetar as famílias e como lidar com essas questões de forma saudável.
As lealdades invisíveis são compromissos inconscientes que os membros da família têm uns com os outros, muitas vezes em um nível profundo e emocional. Essas lealdades podem se desenvolver como resultado de eventos passados, dinâmicas familiares complexas ou mesmo traumas não resolvidos que são transmitidos de uma geração para outra.
As lealdades invisíveis, um conceito introduzido por Bert Hellinger na Constelação Familiar, representam um aspecto fundamental das dinâmicas familiares que podem exercer uma influência poderosa sobre os indivíduos e suas interações dentro do sistema familiar. Além da visão de Hellinger, várias pesquisas e abordagens terapêuticas têm explorado essa temática, oferecendo insights valiosos sobre como as lealdades invisíveis podem moldar os relacionamentos familiares e afetar o bem-estar emocional dos indivíduos mesmo antes do seu nascimento.
Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão, desenvolveu a abordagem das Constelações Familiares como uma forma de investigar e resolver os problemas intergeracionais que afetam as famílias. Segundo Hellinger, as lealdades invisíveis são compromissos emocionais e inconscientes que os membros da família assumem em relação aos seus antepassados, muitas vezes em resposta a eventos traumáticos ou situações não resolvidas. Essas lealdades podem manifestar-se como uma sensação de lealdade a um membro da família específico, uma identificação com um destino familiar ou até mesmo como um sentimento de culpa por buscar a felicidade quando outros membros da família sofreram.
Por exemplo, um filho pode sentir-se leal a um dos pais, mesmo que isso signifique ignorar ou negar suas próprias necessidades ou desejos. Essa lealdade invisível pode surgir de um desejo inconsciente de proteger o pai ou a mãe de qualquer dano emocional ou culpa.
Uma pesquisa conduzida por Ivan Boszormenyi-Nagy, conhecido por seu trabalho sobre ética relacional na terapia familiar, explorou o conceito de “justiça relacional”, que envolve a importância de reconhecer as contribuições e as obrigações mútuas dentro das relações familiares. Nagy sugere que as lealdades invisíveis muitas vezes surgem de uma necessidade de equilibrar essas obrigações, mesmo que isso signifique sacrificar o próprio bem-estar em prol do sistema familiar.
Muitas vezes, as obrigações familiares são influenciadas por experiências e eventos passados, incluindo segredos familiares, traumas não resolvidos e padrões de comportamento transmitidos de uma geração para outra. Isso pode tornar desafiador o equilíbrio entre as necessidades individuais e as obrigações familiares, exigindo uma abordagem sensível e compassiva para promover relações familiares saudáveis.
Um aspecto fundamental da justiça relacional proposto por Nagy é a ideia de reparação. Quando ocorrem violações das obrigações familiares ou injustiças dentro do sistema familiar, a justiça relacional enfatiza a importância de reparar essas rupturas e restaurar a confiança e a integridade nas relações. Isso pode envolver reconhecer o dano causado, assumir a responsabilidade por suas ações e tomar medidas para remediar as consequências.
Rodrigo Baldoni Lopes / Criador do Método Head Teens
